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Método de triagem em resgate aquático – trabalho apresentado na Conferencia Mundial de prevenção em afogamento na Malásia

O método START como ferramenta de triagem dentro da água para situações de desastres

Um dos maiores desafios de um socorrista é o enfrentamento e a tomada de decisão em situações de desastre, onde por definição é a situação onde sua capacidade ou preparo pessoal ou de sua equipe é superada pela ocorrência. Nas situações de emergência pré-hospital o método START foi criado para solver esta dificuldade de triagem e assim priorizar quem tem a maior chance de se beneficiar com o primeiro atendimento. Estas são as diretrizes do método START (Start Triage and Rapid Treatment) que divide as vítimas de trauma por categorias de prioridade e estabelece a cada uma dela uma cor(verde – leve, amarelo – grave, vermelho-critico e preto – óbito).

Os desastres no meio aquático são emergências que requerem no âmbito da triagem uma atenção extra dos socorristas envolvidos no resgate aquático, pois alem da dificuldade em superar sua capacidade de atuação, a escolha deve ser rápida já que segundos contam para evitar o afogamento. Triar corretamente cada caso é essencial ao sucesso da operação. Este tipo de ocorrência pode ser encontrado em um naufrágio, na queda de uma aeronave ou mais freqüentemente nas praias onde múltiplas vitimas se afogam juntas e o guarda-vidas deve realizar esta triagem em situação de estresse físico e emocional.

No Brasil, a classificação das vítimas de afogamento, segundo Szpilman (2013), estabelece-se em graus de 1 a 6, baseando-se apenas na gravidade e focalizando no tratamento da vítima já em processo de afogamento. No entanto é fundamental ao guarda-vidas trabalhando em situações onde a ocorrência de múltiplas vitimas e a decisão são Para mitigar os afogamentos é essencial implementar uma eficiente estratégica de prevenção. Por isso, existe uma forte necessidade de antecipação dos guarda-vidas, que devem ser capazes de reconhecer banhistas com maior risco de se envolver num incidente aquático e sofrer de afogamento, possibilitando a implementação de medidas preventivas em detrimento das reativas. As metodologias de triagem são fundamentais para orientar o guarda-vidas a conhecer e priorizar melhor a quem atender em caso de desastres aquáticos.
O objetivo deste trabalho é propor um sistema de classificação simples e rápido, baseado no Método START, para aplicar no reconhecimento prévio de vítimas potenciais em casos de desastres aquáticos.

O estudo abrangeu a análise das ocorrências registadas no sistema de ocorrências do bombeiro catarinense, por um período de três temporadas de verão, em uma praia arenosa. Foram cruzadas as características do Método START com as informações descritas na ficha de atendimento de ocorrência do CBMSC para estabelecer as principais categorias de vítimas existentes neste tipo de ocorrência, e posteriormente recomendar uma ferramenta de triagem para o guarda vidas.

No método START, as vítimas de emergências são classificadas em quatro grupos distintos atendendo à sua prioridade de resgate, a saber: 1=vermelha, 2=Amarela, 3=Verde, e “Sem prioridade”=Preto. Neste estudo, utilizamos a informação sobre as características e comportamentos das vítimas para identificar a sua prioridade e atribuir um sistema de cores análogo ao do Método START para facilitar o treino e trabalho dos guarda-vidas.

No Brasil não existe classificação para vítimas potenciais, que apenas precisam de orientação do guarda-vidas, nem para vítimas em risco eminente de iniciar o processo de afogamento, que precisam ser resgatadas com intervenção direta do guarda-vidas. Assim, e por analogia com o sistema de cores do Método START, propomos atribuir a este tipo de vítimas a cor VERDE e AMARELA, respetivamente.

No seu dia-a-dia, o guarda-vidas recorrerá, portanto, ao conhecimento gerado que relaciona as características e comportamentos das vítimas com a prioridade de ação. Assim sendo, propomos o seguinte sistema de triagem:
• 1ª Prioridade (cor VERMELHA), compreendendo vítimas em afogamento de graus 2 a 4, será atribuída às vítimas com expressão facial assustada e que submergem diversas vezes com possibilidade de descontrolo durante o resgate;
• 2ª Prioridade (cor AMARELA) – exige intervenção do guarda-vidas, resgate, afogamento grau 1, suspeita de lesão adicional, nado sem deslocamento e abandona o seu flutuador, necessidades especiais, crianças e idosos.
• 3ª Prioridade (cor VERDE): a vítima precisa ser orientada para local seguro, nada com força contra a corrente de retorno, desconhece os perigos do meio e nada sem auxílio.
• Sem prioridade (cor PRETA) – para vítimas de afogamento do graus 5 e 6, em posição de decúbito ventral, e/ou sinais de morte evidentes.

A formulação de um método de triagem para este tipo de atendimento traz como benefícios: a padronização do atendimento, a diminuição do tempo resposta das equipas de socorro;  a priorização do atendimento às vítimas; a facilidade na utilização do método e o baixo custo. Como aspetos negativos temos: maior tempo de triagem e dificuldade na marcação das vítimas.

Autores
Rafael Oliveira;
David Szpilman;
Ana Catarina Queiroga;
Onir Mocellin.

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Dr David Szpilman

Dr David Szpilman - Sócio Fundador, Ex-Presidente, Ex-Diretor Médico e atual Secretário-Geral da SOBRASA; Ten Cel Médico RR do CBMERJ; Médico do Município do Rio de Janeiro; Membro do Conselho Médico e Prevenção da International Lifesaving Federation - ILS; Membro da Câmara Técnica de Medicina Desportiva do CREMERJ. www.szpilman.com