A pernada em tesoura é importante para guarda-vidas? – opinião do Prof especialista da Espanha em salvamento aquático, Pepe Palacios

Prof Jose Palacios
Coordinador del GIAAS
Prof titular de la Universidad de Coruña
Doctor en Educación Física

A pernada em tesoura é importante para guarda-vidas?
Definitivamente NÃO. É um estilo de natação obsoleto que surgiu como uma cópia ruim da natação ventral dos índios sul-americanos que em 1844 venceram os ingleses que só usavam o braço. Posteriormente, Cavil, um australiano, desenvolveu o Crawl ao observar os nativos das Ilhas Salomão. Desde 1950 o Crawl ou nado livre, é o nado mais eficiente por sua velocidade e economia de energia.

Quais as dificuldades dessa pernada em tesoura em um resgate?
É um nado difícil de coordenar e se não for praticado em ambos os lados, pode levar a descompensações musculares. Mas o principal problema é ser mais lento do que o Crawl, com ou sem nadadeiras e também mais lento a pernada de peito sem nadadeiras. Para o guarda-vidas é fundamental ganhar tempo para reduzir a gravidade do afogamento.

É comum os guarda-vidas aprenderem este tipo de pernada?
É usado ainda em alguns países e lugares, por ignorar outros métodos melhores ou por não querer mudar. Insisto que é difícil coordenar, sua aprendizagem leva tempo, pode descompensar a musculatura e é menos rápido. É por isso que não é ensinado nem praticado na maioria dos cursos de treinamento de guarda-vidas.

Então, qual a sua opinião sobre seu uso em cursos de guarda-vidas?
Uma perda de tempo. Seria muito mais útil dedicar todo o tempo e esforço para ensinar outras técnicas que um guarda-vidas necessitará em suas intervenções reais. Crawl com uso de nadadeiras, pernada de peito para quando não há nadadeiras, uso do braço livre, e outros. Ou melhor ainda, dedicá-lo para aprofundar a prevenção do afogamento, que é a principal intervenção no trabalho de guarda-vidas.

Qual é a conclusão?
Podemos resumi-lo em 3 pontos:
1 – A pernada em tesoura não é mais utilizada desde os anos 50. Ficou na história e o mesmo deve acontecer nos resgates com guarda-vidas.
2 – A pernada em tesoura é difícil de coordenar, sua aprendizagem toma tempo, pode estirar um músculo e é menos rápido do que outras técnicas de natação.
3 – O guarda-vidas deve usar técnicas eficazes e rápidas.
Com nadadeiras – a pernada de Crawl
Sem nadadeiras – a pernada de peito.

Espanol

El estilo de nado “over” o Trudgen

¿El estilo de nado “over” es necesario para los guardavidas?
Rotundamente NO. Es un estilo de nado obsoleto que surgió como una mala copia del nado ventral de los indígenas sudamericanos quienes en 1844 ganaron en una competición a los ingleses, que por aquel entonces solo nadaban a braza. Después de la adaptación de Trudgen, que incluía la patada de tijera en lugar del batido alternativo, a partir de la década de 1870 este estilo se popularizó. Posteriormente Cavil, un australiano de origen inglés, desarrolló el crawl australiano, tras observar a los nativos de las islas Salomón. Desde 1950 se conoce como crol o estilo libre y es el estilo más eficiente, por su velocidad y economía energética. Desde entonces, nadie en el deporte de natación realiza este estilo.

¿Hay problemas al aprender/enseñar el over a los guardavidas?
Es un estilo difícil de coordinar y, además, al ser asimétrico, si no se practica suficiente tiempo y por ambos lados, puede derivar en descompensaciones musculares. Pero el principal problema es que es un estilo que, por muy bien que se domine, es más lento que el crol, con y sin aletas; y, en traslados de víctimas más lento que el crol con aletas o que la patada de pecho-braza sin aletas. El guardavidas debe ganar tiempo al ahogamiento con su intervención.

¿Es frecuente que los guardavidas realicen este tipo de nado?
Se sigue utilizando en algunos países y lugares, creo que por desconocimiento o por no querer cambiar. Insisto en que es difícil de coordinar, su aprendizaje requiere tiempo, puede descompensar muscularmente y es menos rápido que los estilos actuales de natación. Por eso ni se enseña ni se practica en la mayoría de los cursos de formación de guardavidas.

¿Entonces, qué opina sobre su incorporación en cursos de guardavidas?
Una pérdida de tiempo. Sería mucho más útil dedicar todo el tiempo y esfuerzo a cualquier habilidad y técnica que sí usa un guardavidas en sus intervenciones reales: crol, utilización de aletas, patada de pecho para cuando no hay aletas, utilización del brazo libre, etc. O mejor aún, dedicarlo a profundizar en la prevención del ahogamiento, que es el principal trabajo del guardavidas.

¿Cuál es la conclusión?
La podemos resumir en 3 puntos:
1 – El estilo over está descartado desde la década de los 50. Es historia en la natación y lo mismo debería pasar en el socorrismo acuático.
2 – El estilo over es difícil de coordinar, su aprendizaje requiere tiempo, puede descompensar muscularmente y es menos rápido que los estilos actuales de natación.
3 – El guardavidas debe utilizar técnicas de nado eficaces y rápidas, con aletas es la patada de crol y sin aletas la patada de pecho-braza.

Dr David Szpilman

Dr David Szpilman

Dr David Szpilman - Sócio Fundador, Ex-Presidente, Ex-Diretor Médico e atual Secretário-Geral da SOBRASA; Ten Cel Médico RR do CBMERJ; Médico do Município do Rio de Janeiro; Membro do Conselho Médico e Prevenção da International Lifesaving Federation - ILS; Membro da Câmara Técnica de Medicina Desportiva do CREMERJ. www.szpilman.com