SURFISTA PORTUGUÊS MORRE NA INDONÉSIA
Rui César Peixoto, da Costa de Caparica, deixa comunidade do surf de luto.
Rui César Peixoto, de 45 anos de idade, era professor na Universidade Lusófona, onde estava igualmente a fazer o seu Doutoramento.
Rui César, um entusiasta da vida desportiva e saudável, tinha por hábito deslocar-se até à Indonésia duas ou três vezes por ano para fazer surf. Desta feita esteve a semana passada,em Lakey Peak, Sumbawa, com um amigo.
Amigo esse que, na primeira surfada da manhã do incidente, ao chegar à torre da praia apercebeu-se que um surfista brasileiro estava a retirar Rui de dentro de água, onde terá tido um acidente que o levou ao afogamento.
Na torre da praia de Lakey Peak tentaram reanimar o surfista português, tendo uma médica espanhola também surfista declarado o óbito. Todavia, uns surfistas brasileiros e o amigo, insistiram na reanimação, tendo conseguido com sucesso cerca de 40 minutos depois.
De seguida foram de barco em busca de auxílio, tendo Rui chegado a Bali cerca de um dia e meio depois. 72 horas depois vinha a triste notícia, Rui falecia vítima de paragem cardíaca e diversas complicações resultantes do seu incidente.
Desportista exemplar, ajudou a desenvolver o projeto de Surf na Lusófona, era mestre de judo e chegou a ser atleta de selecção nacional, entre os 18 e os 25 anos. Rui incorporava a filosofia do judo no Surf, e era reconhecido por todos como alguém que promovia a amizade, a entreajuda e o desportivismo.
Aos familiares e amigos, a SurfTotal envia as mais sentidas condolências. O surf português fica mais pobre, e mais do que isso, perde-se um homem exemplar.
Que descanse em paz.
Por Pedro Robalinho
Por Pedro Robalinho
Foi uma grande pena a perda deste surfista, professor de Judô. Participei da tentativa de salvamento dele junto com o Everton Silva e outros surfistas que estavam no local. Foi umas das experiências mais marcantes da minha vida. Uma série bem forte de uns 2 “metrões” em Leaky Peak ( Sumbawa) quebrou bem em cima da bancada, onde estava o Rui. De alguma maneira ele perdeu o controle sa situação e acabou se afogando. Haviam poucos sinais de pancada em seu rosto, mas imagino que tenham sido o suficiente para deixá-lo desacordado. Ele tomou mais algumas ondas e logo foi ajudado pelos surfistas que estavam ao seu redor e perceberam o acontecido. Eu me encontrava com o Everton no palanque que fica em frente ao pico a poucos metros da onda, dando treino e registrando o surfe para filme do projeto Vida Surfe. Quando percebi a situação, comecei a gritar para que o trouxessem para onde eu estava. Agradeço ao Dr. David Szpilman pelos ensinamentos, pois na hora só tive coragem de tomar esta atitude por ter participado de diversos treinamentos de primeiros socorros em afogamentos direcionados a surfistas, que acontecem para professores alunos e convidados no CADES, algumas vezes por ano.
Todos nós devemos ter conhecimentos desse tipo para ajudar em casos como esse. Com o esforço de todos os envolvidos e ao menos uns 40 min de RCP, conseguimos trazê-lo de
volta à vida, já que quando chegou ao palanque já não tinha mais pulso ou respiração ou qualquer sinal de vida. Foi uma vibração muito forte de todos ali quando o seu pulso voltou e até mesmo sua respiração retomou força própria.
Infelizmente pela falta de uma assistência adequada, uma UTI móvel, ele acabou muito mal atendido e sofreu muito até não resistir mais a tantos transportes e falta de atendimento adequados. Uma pena. Com certeza uma perda. Foi muito duro receber a notícia de sua morte. Vivemos aquela ansiedade durante dias em contato com a família, através da nossa guia surfista Samia Carolina Moreira, que deu uma assistência inestimável para a família e amigos presentes, servindo de intérprete ( indonésio ) e dando apoio irrestrito a eles.
Que Deus ilumine os caminhos e todos que estavam ali e que se colocaram em prol da vida! Que os amigos e parentes se confortem e possam lembrar do que foi positivo na vida do Rui. No meu coração ficou a tristeza pela morte, mas a sensação de ter feito o que deu pra fazer naquele momento difícil que vivemos. Se somos surfistas e lidamos com o oceano, temos que conhecer os perigos e a melhor maneira de lidar com eles em nosso esporte. Que sirva de lição pra todos buscarem conhecimentos para um dia poderem trazer um pouco de esperança para a vida de alguém que esteja numa situação crítica como esta. Se não fosse um lugar tão remoto como Sumabawa, a história poderia ser outra, quem sabe. RIP Rui! Que Deus o tenha Irmão!!
SOBRASA RECOMENDA O CURSO GRATUITO SURF-SALVA