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ANVISA aprova dispositivo para ajudar vítimas de engasgo – avaliação inicial

A medicina sempre tem buscado alternativas para lidar com situações de emergências.
Qualquer nova proposta de equipamento, medicação ou procedimento deverá ser testado cientificamente contra propostas placebo e as presentes alternativas já utilizadas antes de ser oferecido a comunidade profissional e principalmente a população para uso em seu lar.
Esse teste, na medicina, usualmente necessita incluir uma grande gama de variáveis para que tenha um valor de evidencia cientifica mais confiável e isso é muito difícil de se conseguir.
Como as situações de enfermidades provocam sempre ansiedade no paciente e ainda na equipe de saúde, principalmente as que ocorrem em emergências, é comum estarmos a busca de soluções que possa resolver estas aflitivas situações e nossa esperança nos levar a decisões de utilizar propostas ainda não testadas adequadamente.
Como profissional de saúde sabemos que uma das perguntas clássicas do paciente é: Essa medicação tem efeitos colaterais? É importante ao profissional de saúde explicar para seu paciente que qualquer medicação ou procedimento pode apresentar contraindicações, efeitos colaterais ou complicações, e isto é a regra e não a exceção. Resumidamente, em qualquer decisão em medicina, é salutar contrastar os pontos benéficos contra os maléficos, e só indicar seu uso se promover mais o bem do que o mal, e em seguida nos perguntarmos se existe alternativas que possam causar ainda menos risco de malefício e então propor ou aplica-la.

Lembramos os axiomas do socorrista (inclui guarda-vidas) antes de concluir
“Dr David Szpilman 2016”
1. Em um socorro você tem mais de 8 milhões de escolhas.
2. Não existe socorro perfeito, pois mesmo cometendo falhas o resultado pode ser positivo.
3. A prática dos protocolos e sua revisão após cada socorro melhora a eficiência de sua resposta.
4. Adote novos protocolos/equipamentos somente se for baseado em evidências cientificas.
5. Quanto mais ferramentas tiver, maior eficácia no socorro.

Conclusão
1. Qual o nível de evidência cientifica que o dispositivo tem comprovado para ser comercializado abertamente ao uso de todos?
2. Este novo dispositivo traz maiores benefícios do que a manobra de desobstrução de vias aéreas ensinada e aplicada há mais de 40 anos com resultados reais comprovados?
3. Se sim, quais são? Como usar? Em quem usar? Está indicado a todas situações ou é específico a obstruções completas? É fácil de usar? Precisa de treinamento? Será vendido a pessoas sem treinamento? Quais as contraindicações? Quais as complicações?
4. ESTE DISPOSITIVO NÃO ESTÁ INDICADO EM CASOS DE AFOGAMENTO pelas razões abaixo
a. A quantidade de água aspirada em um afogamento grave é em torno de 3ml/kg de peso, ou seja, pouco ou quase nada poderá ser extraído das vias aéreas.
b. As tentativas de extrair a água aspirada provocam a saída principalmente e quase exclusivamente de conteúdo gástrico provocando complicações.
c. Qualquer tentativa de extrair a água das vias aéreas causa mais complicações do que benefícios, tais como vômitos, tempo perdido em oxigenação e, portanto, aumento na mortalidade.

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Dr David Szpilman

Dr David Szpilman - Sócio Fundador, Ex-Presidente, Ex-Diretor Médico e atual Secretário-Geral da SOBRASA; Ten Cel Médico RR do CBMERJ; Médico do Município do Rio de Janeiro; Membro do Conselho Médico e Prevenção da International Lifesaving Federation - ILS; Membro da Câmara Técnica de Medicina Desportiva do CREMERJ. www.szpilman.com